terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quando a criatividade é construida a partir da intimidade com Cristo!

Intimidade com Deus é fazer as coisas simples da vida com Ele.

(AQUINO, 2009, p. 19)

O cristão que vive uma relação de intimidade com Deus se permite ser inundado pelas verdades acerca do quanto à presença divina pode influenciá-lo e levá-lo a realmente viver como homens e mulheres criados a imagem e semelhança de Deus. Card[1] busca entender a relação entre Cristo, o cristão e a criatividade e afirma que quando o ministro está em plena sintonia com os propósitos do Senhor, o inesperado começa a ter um espaço maior e eficaz no ministério. É a criatividade se desenvolvendo em terra fértil. Se Deus é criativo, aquele que nEle está e foi feito a sua imagem e semelhança também é criativo. No momento em que o ministro cristão se permite depender do Pai para as mais naturais tomadas de decisão no exercício de nossas funções eclesiais a criatividade passa a ser algo natural e esperado, e não mais algo inatingível.

Segundo Card[2], todas as formas de criatividade realizadas em obediência a sua ordem são formas de as pessoas se doarem e oferecerem-se em adoração ao Senhor. Quando um ministro do evangelho busca de forma criativa espiritualmente dependente de Deus servi-lo, há uma legítima experiência de adoração e amor ao grande Criador.

Para um cristão autêntico, o ministério é simplesmente uma outra palavra que define o viver uma vida de constante adoração e testemunho. (BEST.In CARD, 2008, p. 128)

Schaeffer[3] defende que a verdadeira espiritualidade é a expressão do poder de Cristo como mestre sobre o homem por completo. A criatividade no ministério cristão só será real no momento em que o ministro permitir que Deus seja senhor sobre todas as faces de sua existência e buscar uma verdadeira e intensa intimidade com o Criador. Nesse momento, o cristianismo passa a envolver o ministro cristão por completo e de forma integral para que a vida possa experimentar a verdadeira criatividade inspirado pelo Deus que é Criador. É importante evidenciar que todas as áreas de nossa vida devem estar debaixo do senhorio de Cristo, inclusive as artes. O ministro deve usar a arte para glorificar a Deus e não como algo que produz lazer, bem estar ou divulgação de uma mensagem. Logo, uma expressão artística pode ser em si mesma um ato de adoração e louvor ao Deus Criador!

Quando estamos firmemente fundamentados numa intimidade pessoal com a fonte da vida, é possível permanecer flexível sem ser relativista, convicto sem ser rígido, confrontar sem ofender, ser gentil e perdoador sem ser mole, e ser uma testemunha fiel sem ser manipulador. (NOUWEN, 2002, p. 24).

A intimidade com Cristo permite àquele que se dispõe a exercer o ministério cristão a possibilidade de ser flexível, convicto, corajoso, perdoador e fiel sem se deixar levar pela prática da abordagem relativista, rígida, ofensiva, gentil ou manipuladora. O ministro que se permite influenciar através da busca de uma relação mais próxima com o Criador, vai progressivamente sendo influenciado por uma nova forma de ver tudo o que o cerca. E é essa cosmovisão que proporcionará a ele uma nova fonte para as palavras, conselhos e tomadas de decisão. [4]

Essa relação possibilita, segundo Bomilcar[5], uma competência e profundidade no ministério que não pode ser medida pela experiência ou tempo de serviço. O que determina o fruto dessa relação é a qualidade de nosso relacionamento com Cristo. Quanto mais perto o ministro estiver do Criador, mais frutífero será seu ministério.

O Espírito Santo areja, traz sabor, beleza, dinâmica, substância e inspiração criativa que rega constantemente o ministro e o ministério, e impede ou pelo menos, atenua em muito uma possível superficialidade, aridez e rotina que caracterizam muitas vezes o profissionalismo das funções que acabamos exercendo. (BOMILCAR, In NOUWEN, 2008, p.13)

Quando o Espírito Santo tem a liberdade para participar da vida do ministro e do seu ministério o que começa a acontecer é uma grande transformação que, com inspiração criativa divina, combate a superficialidade, a aridez e a rotina que desgastam as funções ministeriais. O profissionalismo passa a ser parte de um sistema que precisa estar em equilíbrio na vida daquele que se propõe ao ministério. Uma situação de equilíbrio que só acontece quando a busca gradativa por uma espiritualidade sadia e uma maior intimidade com Cristo passa a fazer parte do cotidiano cristão.

Essa relação de equilíbrio só é boa no momento em que a balança permita que a sede pelo Criador ocupe mais espaço na vida do ministro do que a busca pelo profissionalismo, embora essa busca nunca possa ser negligenciada. Quando há a formação profissional para o ministério, que deve ser sempre continuada, o que acontece é que, submisso ao poder divino, o ministério cristão passa a ser algo sobrenatural e verdadeiramente impactante. [6] É o momento em que em conseqüência de um relacionamento sincero com Deus, as nossas falhas e imperfeições são percebidas[7], e o amor Divino está pronto a promover a restauração e provocar a criatividade que produz adoração ao Criador.


[1] CARD, 2008, p. 30.

[2] CARD, 2008, p. 30.

[3] SCHAEFFER, 2010, p. 45.

[4] NOUWEN, Henri. O poder do líder pentecostal. 2ª Edição. Belo Horizonte: Editora Atos, 2002. p. 24.

[5] BOMILCAR. In. NOUWEN, 2008, p. 14.

[6] NOUWEN, 2002, p. 24.

[7] AQUINO, Rodrigo de. Rascunhos da Alma. Joinville: Editora Refidim, 2009. p.24.

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