quarta-feira, 22 de abril de 2009

CELEBRAÇÃO DA DISCIPLINA - 1a Parte

FOSTER, Richard J. Celebração da disciplina: o caminho do crescimento espiritual. 2ª Ed. São Paulo: Editora Vida, 2007. 303 p.

O pastor Richard Foster, no livro Celebração da disciplina, faz uma análise crítica do caminho para um crescimento espiritual. Esta resenha abordará o prefácio e os primeiros cinco capítulos da obra.

Primeiramente o autor aponta as influências que mudaram o rumo do seu ministério na primeira igreja por ele pastoreada motivadas pela sabedoria de Deus: A afluência de pessoas genuinamente necessitadas à congregação, os ensinamentos do dr. Dallas Willard que sempre respeitava as fontes clássicas e buscava dar a elas uma expressão contemporânea e maneira como um homem chamado Bill o ensinou a respeito da oração.

Também três efeitos catalisadores fizeram parte da formação desse autor e da produção deste livro: A oração sincera de Bill que orou pelas mãos de um escritor, a motivação causada pelas palavras de Elton Trueblood e a solidariedade de Ken e Doris Boyce que cederão um trailer para que as primeiras páginas deste livro fossem escritas.

No primeiro capítulo, as disciplinas espirituais são tratadas com uma porta para a liberdade. O autor critica a superficialidade de nossas ações e impressões e a chama de maldição do nosso tempo. Porém as das disciplinas espirituais clássicas convocam-nos a sair desta superficialidade e almejar andar nas profundezas.

Foster enfatiza que Deus deseja que as disciplinas espirituais sejam praticadas por seres humanos comuns e que o propósito maior delas é libertar o ser humano da escravidão ao interesse próprio e ao medo.

Essa libertação tem como requisito principal ter anseio por Deus. Porém, quem busca as disciplinas espirituais se deparará com duas dificuldades: Uma filosófica e outra prática. O materialismo atual incutiu na humanidade a aceitação apenas das verdades físicas não dando mais espaço para algo que não pertença ao mundo palpável. Além disso, a ignorância acerca das disciplinas espirituais traz grandes dificuldades a qualquer um que queira mergulhar em uma realidade espiritual mais significativa. Frente a estas duas dificuldades precisamos urgentemente experimentar uma vida de relacionamento e intimidade mais intensa com Deus.

Foster aborda a questão da escravidão aos hábitos arraigados. Ele afirma que a condição pecaminosa abre caminho para hábitos que se arraigaram à nossa vida. Assim, o pecado começa a fazer parte de nossa estrutura interna, permitindo uma crescente facilidade para cairmos em armadilhas do pecado.

O autor critica o método habitual usados por nós para vencermos o pecado arraigado: o ataque frontal. Para ele, essa luta é inteiramente vã e apenas consegue lidar com a aparência sendo incapaz de gerar a transformação de que o espírito necessita.

As disciplinas espirituais abrem a porta que precisamos para vencer a luta contra o pecado arraigado e, então, passamos a perceber que a justiça interior é um presente de Deus, a ser recebida pela graça. Assim, as disciplinas espirituais são um meio para recebermos a graça de Deus e o crescimento espiritual é o propósito das disciplinas.

O autor faz um importante alerta: quando as disciplinas espirituais são transformadas em leis elas passam promover uma “morte” espiritual. Mas, só quando passamos a acreditar de fato que a transformação de nosso interior é ação de Deus é que nos tornamos capazes de abandonar a compulsão para impor as disciplinas nas pessoas.

A primeira disciplina interior abordada no livro é a meditação. Um busca do silêncio recriador e do mundo da contemplação precisa fazer parte da vida de quem quer viver um crescimento espiritual.

Para Foster, a disciplina da meditação era comum aos escritores sagrados. Deus falava com eles porque estavam dispostos a ouvir Deus e não porque tinham capacidades especiais.

A meditação cristã é a habilidade de ouvir a voz de Deus e atender à sua vontade. É através da meditação que criamos o espaço que permite a Cristo edificar em nosso coração o seu santuário.

Não devemos pensar que a meditação cristã é semelhante à meditação oriental. Esvaziar a mente é totalmente o oposto do preencher a mente. É preciso ter vínculo para atingir uma integridade interior necessária para que nos entreguemos livremente a Deus.

Também é preciso entender que a meditação cristã não é difícil e que deve fazer parte do cotidiano de um cristão mesmo quando o mundo a vê como algo incompatível com o século XXI. Além disso, precisamos nos precaver do hábito de enxergar a meditação como uma forma religiosa de manipulação psicológica.

Segundo Foster, a experiência cotidiana dos que andam com Deus é receber conceitos daquilo que pode existir. A oração de quem vive em meditação é uma verdadeira forma de vida.

Sobre os tipos de meditação, o autor aponta que: A meditação nas Escrituras é capaz de manter todas as outras formas de meditação em uma perspectiva afinada com Deus, pois procura tornar pessoal a mensagem bíblica. A recompilação é uma forma de meditação muito praticada na Idade Média. É a busca do silêncio recriador e do centro da mente. Meditar sobre a criação também é um tipo de oração contemplativa o praticamos um monoteísmo majestoso. Já meditar sobre os fatos do nosso tempo é uma forma de focalizar como cristão as questões do cotidiano.

Assim, percebemos o quanto a meditação cristã é importante para a vida cristã genuína.

Outra disciplina espiritual é a oração. A oração impele-nos para a fronteira da vida espiritual e é a principal via usada por Deus para transformar-nos e possibilitar que enxerguemos as coisa do ponto de vista de dEle. Orar é ser um alguém ativo.

O autor destaca que se orarmos como convém poderemos mudar o rumo da história e do mundo.

Além disso, a oração verdadeira é algo que pode ser aprendido e que é alvo de um processo de aprofundamento.

Para que nossa oração seja eficaz, precisamos estar sintonizados com a vontade de Deus para as nossas vidas. Devemos começar nossas orações intercessoras aquietando nossa atividade física e ouvindo Deus. Então, progressivamente, vamos abraçando questões maiores e mais complexas na medida em que formos tendo sucesso nas questões inferiores e menores.

Nunca devemos complicar a oração e sinceridade, honestidade, confiança e imaginação são as marcas genuínas da comunicação entre pai e filho.

Outra disciplina espiritual abordada por Foster é a do jejum. Há muito tempo o jejum espiritual é negligenciado em nossa sociedade. Entre os motivos para isso podem ser citado dois: A má reputação dessa prática adquirida em um passado não muito remoto envolto em rígidas regulamentações. Também a defesa pós-moderna de que se não tivermos três refeições fartas todos os dias sofreremos um agravamento das condições físicas e colocaremos nossa saúde em risco.

O jejum bíblico sempre está relacionado à abstenção de comida por motivos espirituais. Na Bíblia o jejum normalmente se refere a não ingestão de comida, sólida ou líquida, mas não de água, embora haja registros de jejum absoluto. Normalmente o jejum é uma questão particular entre o indivíduo e Deus, porém há casos de jejuns comunitários ou públicos. O jejum comunitário pode ser uma excelente experiência desde que todos estejam com o mesmo pensamento e preparados para tal ato.

A experiência do jejum é um verdadeiro banquete com a palavra de Deus e pode romper limites na esfera espiritual e um meio da graça e da bênção de Deus.

O próximo tópico abordado por Foster no quinto capítulo de seu livro é o “estudo”. Esta disciplina é o elemento que nos leva a pensar nas coisas espirituais.

A disciplina do estudo possibilita a libertação dos medos e das ansiedades e a verdadeira transformação. Muitos assíduos e zelosos cristãos não foram verdadeiramente transformados por não abraçarem esta disciplina espiritual. Ela possibilita a identificação de ciladas, prevendo-as, e proporciona a harmoniosa prática da alegria e liberdade cristã. O que estudamos determina nossas fronteiras e hábitos.

Há dois tipos de “livros” a serem estudados: o verbal e o não verbal. Primeiramente, os livros, aulas, palestras, cursos e outras formas verbais de exposição de idéias. Finalmente, o mundo que nos cerca com suas maravilhas, as relações interpessoais e os eventos do cotidiano.

A disciplina do estudo e envolta por quatro passos: repetição, concentração, compreensão e a reflexão.

O estudo da Palavra de Deus diferencia-se da simples leitura devocional da Bíblia, a saber: No estudo priorizamos o interpretar, no devocional, a sua aplicabilidade.

O estudo com disciplina espiritual produz alegria e vale muito todo o nosso empenho.

As disciplinas espirituais abordadas na primeira parte da obra de Foster são, então, a meditação, a oração, o jejum e o estudo.

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