domingo, 26 de abril de 2009

O SANGRADOR DE BAYONNE:

POR JOHN MAXWELL:

Acredite no seu valor. Quando tiver reconhecido, aceitado e aumentado seu valor, você finalmente passará a acreditar nele. Mas precisa fazer isso com toda a convicção.

Chuck Wepner jamais aprendeu essa lição. Como boxeador, ganhou o apelido de “O Sangrador de Bayonne”, por causa da maneira como era castigado no ringue mesmo quando vencia. No mundo do boxe, era o que chamam de catcher, um lutador que freqüentemente usa a cabeça para bloquear os socos do adversário.

Wepner pressionava o oponente até ganhar ou ser nocauteado. Nunca se importou com a quantidade de socos que precisava absorver antes de dar o golpe do nocaute. O treinador Al Braverman dizia que Wepner era o pugilista mais corajoso que já conhecera: “Ele era único. Não ligava para a dor. Caso se cortasse ou levasse uma cotovelada, não pedia ajuda a mim ou ao juiz. Era um lutador no mais puro sentido da palavra”.

Quando Wepner nocauteou Terry Henke no 11º round em Salt Lake City, o promotor de lutas Don King ofereceu-lhe a chance de disputar o título com George Foreman, então campeão dos pesos pesados. Mas quando Ali derrotou Foreman, então campeão dos pesos pesados, Wepner se viu escalado para enfrentar “O Maior de Todos” – Muhammad Ali. Na manhã da luta, Wepner deu à mulher um négligé cor-de-rosa e disse que ela “logo estaria dormindo como campeão mundial dos pesos pesados”.

Ali venceu por nocaute técnico faltando apenas 19 segundos para o fim da luta. Mas houve um momento – um instante glorioso no nono round – em que Wepner derrubou o campeão com um golpe demolidor no peito. “Quando Ali estava na lona, lembro-me de ter dito ao meu treinador, Al Braverman: ‘Ligue o carro, vamos para o banco, estamos milionários’. E Al falou para mim: ‘É melhor se virar. Ele está se levantando’”, conta o lutador.

Depois da derrota, a mulher de Wepner tirou o négligé da bolsa e perguntou: “Eu vou para o quarto de Ali ou ele vem para o meu?” Isso poderia ser apenas uma estranha nota de rodapé na história do Box, exceto por um detalhe. Um roteirista iniciante estava assistindo à luta. E então, de repente, veio-lhe à cabeça: É isso. Ele foi para casa e escreveu por três dias sem parar. O roteirista era Sylvester Stallone. Nascia ali o filme Rocky – Um Lutador, ganhador do Oscar.

O estúdio de cinema ofereceu a inédita soma de 400 mil dólares pelo roteiro, mas Stallone recusou. Ele fez uma contraproposta: ganharia apenas 20 mil dólares pelo roteiro, mas teria o direito de fazer o papel de Rocky pelo salário mínimo de um ator, a ninharia de 340 dólares por semana.

Como o filme era baseado na vida de Wepner, o estúdio também fez uma ótima oferta ao lutador. Ele tinha duas alternativas: poderia receber 70 mil dólares de uma vez ou 1% do lucro do filme. Wepner não quis se arriscar e optou pelo dinheiro garantido. Ficou com os 70 mil, decisão que lhe custaria Oito milhões de dólares. Hoje, Wepner vive em Bayonne e trabalha como vendedor de bebidas.

É isso o que acontece quando você se vende barato. Se não acreditar que tem algo de grande valor para oferecer a outra pessoa – isto é, você mesmo –, jamais será bem sucedido nos seus relacionamentos. O maior patrimônio que você possui é a pessoa que você é.

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